quarta-feira, 11 de julho de 2007

Viva a palavra

A festa literária em Paraty reuniu seu quinto compêndio de autores, poetas, diretores de teatro, cineastas, jornalistas, todos bebendo em uma unica fonte: o livro.
O encontro destes cérebros privilegiados vem num momento providencial. A cada dia o mundo caótico em que vivemos, com a violência urbana que hoje impera em toda grande cidade do mundo, a corrupção apocrifante do nefasto sistema político brasileiro, não nos deixa outro caminho senão um tratamento psiquiátrico urgente, ao invés de uma CPI. Em Paraty, onde o sol invernil lambe os casarões coloniais, loucos por livro sentam-se na beira de um banquinho na Praça da Matriz e pedem companhia a vida que passa. Passam sujeitos, verbos, adjetivos, e todas as palavras-coisas de Manoel de Barros.
Apesar da ausência de muitos autores brasileiros nas palestras, o evento trouxe a realidade esquecida de Serra Leoa, embates contundentes entre inglês e americano, e a última mesa. Esta teve toda a suave intensidade que permeou a festa e o lugar. Uma conversa sobre teatro e literatura com Paulo Jose, Bortolloto e Bosco Brasil, aplaudida de pé pela platéia.
Ainda do lado de fora, pelas pedras palavras de Paraty, encontra-se um estado poético que é, essencialmente, inefável. Tornamo-nos cúmplices dessa música que alimenta a autenticidade dos defeitos, em vez do polimento do senso comum.

por joao vicente

Nenhum comentário: