sexta-feira, 28 de março de 2008

Exemplos, para que te quero

Para o brasileiro tudo que vem de fora é melhor, aquela velha história de que “a grama do vizinho é sempre mais verde” é praticada aos montes. Por isso copiamos tudo. Seguimos os exemplos mais escabrosos além fronteira, principalmente dos nossos primos ricos, os americanos. Ter algo importado é quase como ser querido pela sogra. Parafraseando o cronista da vida como ela é, o nosso Nelson Rodrigues, o brasileiro tem alma vira-lata. Tenho comemorado porque alguém sabiamente está usando o erro alheio a nosso favor. As nuvens negras que assolam a economia norte-americana têm servido para o Brasil rever a concessão de crédito aos consumidores – que tem crescido 20% ao ano. Taxa essa boa para os consumidores e preocupante para os bancos. O BC busca resoluções para frear a corrida pela casa própria, carro próprio e qualquer bem próprio. Desejo esse inerente não só aos brasileiros ditos fudidos, mas aos Ianques ditos picões.
Lá, os financiamentos imobiliários foram tantos e a tão longos prazos que o bundalelê era tão certo quanto fedor da bosta. Dito e feito. As pessoas não puderam pagar todas as prestações e as empresas de crédito começaram a quebrar, uma atrás da outra. Lembre-se que a empresa de crédito, para conceder crédito, precisa pegar emprestado no banco central do país. E se ela quebrar e não tiver como pagar seu empréstimo? Já viu o tamanho da trolha, né? Aqui no Brasil o medo maior é com as vendas de carro em até 99 meses (oito anos e meio). As pessoas, coitadas, estão correndo para comprar um bem que, normalmente, dura estourando cinco anos. Para nós, classe média fingida intelectual, comprar nesses prazos é uma demasiada sandice. Mas, como deu no O Globo de ontem, a classe C já é maioria no Brasil e são eles que estão se endividando até o pescoço. Ou seja, cuidado seu Mantega, porque essa manteiga pode azedar.
O algoz da águia do norte foi justamente a inadimplência, e, graças a Deus, estamos tomando o fracasso dos EUA como exemplo. Hoje a águia voa torpe, sabe-se lá como, com algumas penas e prestes a estabacar-se de bico no chão. O grandioso animal do deserto ficará tão constrangido com a queda que, aos olhos do primo pobretão de verde e amarelo, parecerá um mero mafagafo, ou até mesmo um pombo da Praça Sezerdelo Corrêa. Prevendo o pior, nosso ministro da Fazenda pensou: é melhor não abrir tanto a torneira que pode faltar água mais tarde. Exatamente, seu Mantega – ponto para você. Enfim, cheguei a conclusão que uma frase coloca todas as economias do mundo como iguais, seja ela de uma grande potência, uma potência emergente, ou uma impotente – como já fomos nos anos 80/90: Quem tem cú tem medo!

LUCAS

Quer tc cmg?


Um fato que vem chamando a atenção essa semana é a notícia de que hospitais psiquiátricos já estão tratando pacientes viciados em (acredite se quiser) internet. Um dado estima que menos de 20% dos jovens ainda nunca tiveram relações pela rede, e o que mais impressiona é um outro fato muito mais assustador: um coreano morreu depois de ficar 36 horas na frente do computador.
O futuro está aí, ninguém nega, mas será que estamos, progressivamente, ficando à mercê das inovações tecnológicas? Os humanistas resistiriam em se conformar. Depois de tanto esforço para colocar o ser humano no centro do mundo, delegando a ele a função de ser o próprio dono de seu destino, veriam seus planos indo lixeira adentro ou sendo deletados do imaginário popular. Eu mesmo já estou em dúvida se realmente preciso do meu cérebro para alguma coisa, já que diante de mim tenho a ilimitada fonte de conhecimento: a internet. Quer dizer, sofram professores ou educadores, ou qualquer interação física, está aí o second life, ou em bom português: a segunda vida. A verdadeira salvação cristã do século XXI, porque se antes era ressureição a menina dos olhos dos pecadores, agora não precisa nem morrer para ter uma segunda chance. Que inovação!
Bom, para se ter uma idéia existem mais pessoas neste momento conversando nas redes socias da internet do que dentro de uma sala de aula. Uma constatação estarrecedora, no que se refere as expectativas brasileiras para inclusão digital como meio de integração social. Se meus filhos vierem um dia me perguntar como era na minha época, eu os mandaria tirar o tênis e andar descalço, jogar futebol no meio da rua, pegar um livro e cheirá-lo, e se tudo caminhar como vem acontecendo eu os tiraria da escola.
A internet se mostra tão aquém da realidade que pessoas se viciam nela, assim como qualquer outra droga. Para os mais despreparados, ela pode promover uma transcendência, a priori, perdida, onde as individualidades são orkultadas numa propanga mercadológica. Um dia desses falei que era pós-moderno por achar revolucionário, inovador, ou mesmo avant-guard. Seria isto um equívoco pois, aqui no Wall-Street tupiniquim, meu celular não pega, a internet é lenta, o sonho coletivo é um carro na garagem e sofrer, sofrer muito com os engarrafamentos.

Joao Vicente

quinta-feira, 27 de março de 2008

Virtudes da linguagem

Não. Simplesmente, não quero, e nem tenho a prepotência de ser um novo Rubem Fonseca, um Nelson Rodrigues, ou, até mesmo, o tal de Cuenca que tanto falam os jovens de hoje. Detesto parafrasear alguém... deve ser por isso que quase nunca escrevo aqui.

Palavras já traçadas, leads e subleads pré-compreendidos não me interessam. Eu quero o novo, o inatingível, o nunca antes desfrutado. Fico acá k-47 com meus botões, pronto para um novo pseudo-escritor. Não os detesto, apenas não os entendo. Qual o motivo para tal mediocridade? Para que escrever o que eu já sei? - Eu já te li há 30 anos meu caro, e você continua insistindo, apenas com outro nome...

Vamos renovar, mudar a linguagem escrita. Somos novos e, até certo ponto, com algum potencial. Portanto, fica aqui a minha deixa, quem será o primeiro, o próximo, " o cara" a proclamar uma nova forma de escrita da nossa geração?! A resposta é nossa, o dever é nosso.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Eu e Lula, Lula e eu

Esbarrei algumas vezes com o presidente Lula. Para ser mais exato, duas. Uma em Brasília, outra no Rio. O primeiro esbarrão já faz parte de meu folclore pessoal. O ano era 2003. O lugar, a Esplanada dos Ministérios. O idiota, eu. Idiota porque ali, na cerimônia de posse, em meio a bandeiras da CUT, do PSTU , dos Dragões da Independência e outras esquisitices, um certo sentimento de compaixão e esperança juvenil me arrebatou e me pus a chorar copiosamente, enquanto vislumbrava um Brasil diferente, em que as camadas populares finalmente teriam voz e valor. Não é um episódio que acrescenta muita coisa à minha já não muito honorável figura, mas ,pelo menos, segui depois a recomendação de Nelson Rodrigues e envelheci. Deixadas de lado as ilusões infantis que eu nutria na época, o que ficou foi um sentimento de ridículo e uma boa história para contar aos amigos. O segundo esbarrão foi aqui no Rio, por ocasião de alguma dessas cúpulas internacionais inúteis. Eu estava no ônibus, indo para o centro da cidade, quando fui surpreendido por um engarrafamento monstruoso. Era ele. Era Lula. Se o primeiro encontro me causou apenas um vago sentimento de ridículo, o segundo me trouxe raiva, muita raiva. E atraso. E dor de cabeça. Naquele ônibus, naquele momento, tive impulsos LeeOswaldianos. Mas Lula, mais malandro que Kennedy, se locomovia lentamente dentro de uma Blazer blindada, um Caveirão da República. Não havia escapatória. A conclusão que tirei destes encontros foi que o pior que um político pode causar a um cidadão é um engarrafamento. Mensalões? Aumento de impostos? Obras superfaturadas? Disso se escapa facilmente- basta não ler o jornal, nao ligar a TV, passar o dia dormindo. Já do engarrafamento, deste ninguém escapa.

-Dan-

quarta-feira, 19 de março de 2008

Parede Viva

Na mão direita, entre os dedos indicador e médio, ostenta um cigarro da graciosa. O polegar ataca as cordas do violão e dita o ritmo da juventude. A moldura preta delimita a pôster do Bob Marley feito a truculenta mão do mercado musical. Coloco-o no centro da parede. Observo. Comprei mais vários pôsteres e decorei minha vida só com gente que já deu dois passos na eternidade. Fiz uma parede mórbida com fotos de todos que, se pudesse, voltaria no tempo para vê-los no palco lançando suas rajadas performáticas. Certo dia busquei num centro kardecista a chance de ouvi-los, post mortem, com suas guitarras e violões espirituais. Desisti da idéia porque sinto um cagaço danado de fantasmas. O mais perto que consegui chegar deles foi pendurando-os em minha parede.
Dividi o quarto por setores. Do lado direito, coloquei aqueles que gostaria de ter visto pessoalmente: Bob, Fred Mercury, Hendrix, Renato Russo, Elis, Cássia Eller e etc. Do esquerdo – o do coração – pendurei os que me envaidecem. Doryval Caymi, por exemplo, habita a parte esquerda – lado do coração, coração de brasileiro orgulhoso. Está lá porque, tenho a impressão de conhecer sua obra a fundo, além de alimentar empatia paternal por aquela figurinha do bigode grisalho. A seu lado estão Vinicius, Tim Maia,Tom, Cartola, e muitos outros que me deixam saudoso de um tempo que nunca vivi.
No topo da árvore moribunda estão dois pôsteres, de dois caras sensacionais que abalaram os pais e empolgaram os filhos. Doidões com atitude rebelde, libertina, que até hoje lamento não tê-los visto. Um pecou por se entregar à poesia e ao lsd, o outro por não segurar sua libido e chafurdar-se no pó. Sim, Jim Morrison e Cazuza estão bem perto do teto do meu quarto. Rock mata cedo que nem vinho mata a timidez. Gostaria de ter visto a psicodelia do Morrison e as cusparadas de Cazuza sobre o moralismo da classe média.
Ainda que tomada por quadros, há espaço para mais. Decidi pendurar de gente viva, que viu esse povo de perto, participou das loucuras e está aí pra contar a história. Coloquei a Rita Lee ao lado do David Bowie. A primeira, porque viveu em meio às drogas e o segundo, porque deve ter deitado com o pessoal do Fred Mercury e não foi tocado pela maldita. Tenho mais três paredes no quarto, não sei com quem decorá-las. Sugestões?

Lucas

domingo, 16 de março de 2008

Meu mundo é pequeno, Senhor


vidinha é o nome da minha gata. apresento. vez em quando ela foge que o frio aperta e se abre para o sol. a vidinha tem um amor no peito, sua música faz nascer a emoção. quase todos os dias vive à esmo, desfeliz, que não vê uma nesga de esperança abaixo do nariz. mas depois daquele dia em que vidinha foi amada, viveu eternamente, supriu o desespero. vinha ela, de repente, procurando rachadura numa tarde de verão. aos trancos e barrancos achou um senhorio, seu ptolomeu, da casa da frente. deu-lhe o receio, mas acolheu um pretendente. saiu a passear com o senhorio naquela tarde, conheceu o mundo e as atrocidades, de um vasto e incipente contenedor, viu que na intimidade as coisas crescem, provou um tanto de sabor, lambuzou-se por inteiro e o doce veio mordaz.
a vidinha é assim: não sabe comer pelas beradas. e sofre sem paixão. sempre curiosa, procurava entender, como fazia do horizonte caber num fio de arame. seu manoel da padaria que ficava furioso. vidinha via a vida numa folha de margarida. quando adormecia espichava os olhinhos para deus.
reaprender tomou seu tempo. via que natureza chove por entre os telhados. um desabrigo acolhia a vida, mas o que queria era o alento de outrora. olha, sua majestade convida para um tempo com ptolomeu, onde era rainha e ele plebeu. não entendia como pode um desencontro se espreitar ao desamor.
foi por isso, saiu em busca de torpor. chorou, mentiu, parou. quase sempre agarrava o desconhecido, não vi dela maior parricídio. num minuto foi avessa, no outro suicida. voltava para casa como quem sofre de antemão. por estas bandas vida conheceu a crueldade e a escuridão. é certo combalida, perto de nuvens onde alcança o perfume do sol. sempre à espera do reencontro, entardece reunir o rebanho.
no dia 4 do mês de março um tordo me avisou: dê uma olhada que estão a namorar. de beber água no chapéu eles já sabiam cortejar. enverdavam flores no quintal e mariposas. era coisa rasteira, prima do chão e vela derrete acesa. da brincadeira surgiu complacência: nunca haviam visto seus próprios olhos. se embebedaram mais uma vez. abriu-se o tempo, as margens e o rio. fez-se do corrido ficar de pé. amanheceu nas calhas da vida de ptolomeu como há muito não havia fé.

Joao Vicente

quarta-feira, 12 de março de 2008

Um trabalho para um baiano

Eu vejo tanto valor em um político quanto em um gelo baiano. Qualquer político, de qualquer país, de qualquer cidade. Todo sujeito militante, que apóia um partido como se fosse um time de futebol me causa asco indescritível. Não acredito, portanto, que a candidatura de Gabeira seja a tábua da salvação, o baú da felicidade, o retorno do Messias. Mas é, sem dúvida, dado o contexto em que vivemos, a melhor opção disparada. Gente da boa desconfia de Gabeira e sua agenda “progressista”. Estou entre eles (na desconfiança, não na bonança, diga-se de passagem). E, aliás, que história é essa de não fazer oposição ao governo federal? Política se faz com oposição, com combate. Mas não vou ficar aqui apontando as falhas nas falas do deputado. Deixo isso pra depois da eleição, caso o elejam, o que, infelizmente acho muito difícil. Mas difícil mesmo será agüentar a demagogia barata de Crivella e sua gangue. Alô alô imprensa golpista, que tal uma escarafunchada nos contratos da TV Cabrália? Ou nas contas de suas empresas, Unimetro e Cremo? Mãos à obra! E, ah, não tenham dúvida, em caso de segundo turno Crivella x Solange Amaral, é gelo baiano na cabeça! Literalmente...

-Dan-

sexta-feira, 7 de março de 2008

A noite bela


Dizem que sou o escritor das pequenezas urbanas, assim como Daniel e seu gelo. Reitero o título, mas clamo por algo maior, transcedental. Foi aí que, deitado no meu sofá, olhando para o teto, divagando sobre a vida, me dei por conta que hoje é o dia internacional da mulher. Matei duas pombas com um tiro só: arrumei um tema para o post de hoje e aproveito a ocasião para falar de algo maior, que se chama mulher.
Segundo padres, estas criaturas vieram ao mundo através da costela de Adão. Olha, de muito mal gôsto esta história, pois à elas cabe o surgimento da vida. Para mim, o mundo que iniciou do ventre de uma mulher. Aliás, não é a toa que o deus da natureza é feminino e tem um nome lindo: Gaia. Protetora, acolhedora, a maternidade. Sinto me filho em teus berços esplêndidos. Natureza... Existe maior força sublime para uma palavra feminina como esta?
Vejam que não me arrisco em nada a falar das mulheres, até porque quem sou eu? Digo apenas a parte que sei sobre mim (nao é egoismo) pois sou teu fruto intacto. Velado às noites por sua branca tez, aspiro à mais profunda emoção e pensamento. A noite beija o dia e ela brilha, esplandesce: a lua.
Queria ter a lucidez, o medo e a loucura. Como Clarice. Queria um choro de sol e alegria. A ponto de me lançar sem medida. Assim descubro a vantagem de ser conquistado e dou meu peito ao disparo.
Só quero estar perto de vocês, mulheres, como lésbico sem ser ativo. Ficar ao teu lado, tocar, desfrutar, ver e ouvir. Sem precisar entender.

Joao Vicente

quarta-feira, 5 de março de 2008

As pedras pro carro não estacionar

A cidade grande nos reserva toda sorte de mistérios. Alguns acreditam que os pombos, à noite, tornam-se prostitutas e vendedores ambulantes. Outros juram que já viram elfos e fadas no metrô. Há ainda os que garantem que, no fundo do mar de Copacabana, Elvis vive com uma sereia transexual. Eu, que não acredito em nada disto (exceto na história do Elvis), venho humildemente apresentar aquele que, para mim, é o maior de todos os mistérios deste Rio de Janeiro, que há muito me hospeda: as pedras pro carro não estacionar. Não que seja um mistério em si, como aquelas carrancas gigantes da ilha de Páscoa. Não, não creio que essas pedras foram construídas pela civilização de Lemúria, nem pela de Atlântida, nem por extraterrestres. Até porque, não creio que eles tenham tanto mau gôsto. Também nunca vi uma destas pedras se mover, sorrateira, ou piscar para uma ninfeta do Pedro II, embora tenha sérias suspeitas de que uma delas já me deu uma rasteira, quando tomei um tombo fenomenal no Baixo Gávea, alguns graus acima do recomendável. O mistério que ronda estas pedras, à primeira vista vulgares e aborrecidas, é bem mais mundano e objetivo. Resume-se à simples e clara pergunta: como se chamam essas porras?

-Dan-

segunda-feira, 3 de março de 2008

Diferenças

Diálogo entre filha e pai há uns anos atrás:
–Paiê, deixa eu ir na passeata que Vladimir e o Franklin organizaram?
–Não é perigoso, minha filha?
–Ih, pai! Deixa de ser careta! Você se preocupa demais.
–Essas manifestações… outro dia deu no jornal que um estudante morreu num confronto com a polícia.
–Ah, deixa? Todos meus amigos vão.
–E daí que todos vão?
–Poxa, papai! Daqui a pouco vão achar que eu sou de direita.

Diálogo entre filha e pai nos dias de hoje:
–Paiê, deixa eu ir na rave do dia 1º?
–Não é perigoso, minha filha?
–Ih, pai! Que caretisse!
–Essas festas… outro dia deu no jornal que um garoto morreu num lugar desses.
–Ah, deixa? Todo mundo vai.
–E daí que todo mundo vai?
–Pô, pai! Daqui a pouco vão pensar que eu sou emo.

Embora apresentada com ironia, essa é a diferença entre os jovens de ontem e os de hoje. Sacrificados pelas mãos de ferro da ditadura militar, os de ontem procuravam desenvolver o intelecto e fazer parte do contexto político de seu país. Com dezoito anos a moçada já sabia o que queria, tinha lido uma cacetada de autores importantes e não aceitava calada às imposições do Estado. Antes a maioridade era maioridade realmente. Minha mãe foi morar sozinha aos 18 – tudo bem que a vida financeira antigamente era menos complicada que a atual – mas ressalto a vontade de sair de casa que hoje falta a muitos. A juventude atual não tá ai para nada, salvo por algumas exceções que decidem mostrar que têm algum valor cultural e criam blogs interessantes (hehehe). Um garoto de 18 anos, hoje, é um simples garoto que pensa apenas em curtir a vida – eu conheço uns caras de 20 e tantos que ainda não passaram dessa fase. A juventude está muito acomodada. Os pais, preocupados em deixar que nada falte aos seus filhos, esquecem de puxar a rédea quando necessário. Já que viveram tempos de tão pouca liberdade na ditadura, liberam muita coisa sem dimensionar os efeitos colaterais. Não impõem limites, poisos os de sua época eram impostos de forma cruel e arbitrária. Essa falta de cobrança atrelada a uma acomodação lobotomizante faz com que um monte de marmanjo viva vidinha medíocre, more com os pais até a eternidade e não pense em adquirir a famigerada independência. A única preocupação da mocidade é em quando será a próxima rave, ou como está sua imagem perante a um grupo distinto, se o corpo está bonito para desfilar no posto 9, entre outras de igual irrelevância. A vida para esse povo é uma eterna diversão. É claro que o lazer é importante, mas é preciso ter projetos, querer evoluir. Tida como a melhor época da vida, a juventude não serve de estacionamento de nostálgicos. Na boa, fico puto com gente de mais de 20 anos que nunca trabalhou e que mesmo assim não está a procura.

Lucas