segunda-feira, 29 de março de 2010

De conservar

-Dan-

Quem conhece o riscado sabe que Sir John Keynes, o economista, não era nem um pouco simpático ao socialismo, o que não o impediu de colocar, em sua equação de economia ideal, o Estado, como agente anticrise. A crise recente na economia mostrou o acerto dessa parte da teoria de Keynes, no sentido de preservar a economia capitalista. Outro economista, Schumpeter, demonstrou o potencial de destruição e criação da economia capitalista, que, para se perpetuar, se revolucionava constantemente (o que Marx já observara no século IX). E se até Marx observou que mudanças e inovações colaboram com a conservação, por que será que a igreja católica não aprende essa lição? O papa, que conhece sim o riscado, é um intelectual, e andou citando Marx. Sabe que, seguindo esse rumo, da conservação cega, sua igreja, em algumas décadas, se tornará uma seita. O celibato, que pesa sobre a igreja, e serve de guarida para homossexuais esconderem sua condição, é uma questão acessória, que fica longe dos fundamentos – dos dogmas da igreja, estes sim, inegociáveis. Se achar Marx muito radical, o papa poderia, pelo menos considerar a sensatez de seu correligionário, Santo Agostinho, que nos idos da Idade Média já aceitava interpretações diferentes sobre a Bíblia, desde que estivessem de acordo com o essencial, com os dogmas. Hoje em dia há padres celebrando shows, indo a comícios, falando em reforma agrária e, se bobear, há até padre no BBB. Mas casar, aí nem pensar.