sexta-feira, 14 de maio de 2010

Caetanadas

-Dan-


O Brasil tem um herói nacional no cinema, um único herói: Amacio Mazzaropi.
Para os que não conhecem sua história, o diretor foi um verdadeiro empreendedor do cinema. Vendeu sua casa, juntou dinheiro, fez filmes e dívidas, perdeu dinheiro, e nunca obteve qualquer auxílio oficial.
É o que se espera de um diretor de cinema, de um artista. Que corra riscos, que se aventure, e que até, sei lá, seja preso, como Jafar Panahi e outros bravos iranianos. Não é o que pensa Caetano Veloso, (se é que eu entendi direito, afinal, Caetano tem seu jeito...dialético de pensar). Em sua estreia como colunista do Globo, Caetano atacou Ipojuca Pontes, ministro da Cultura de Collor. Ipojuca foi responsável pelo fim da famigerada Embrafilme, cujos “trinta dinheiros” (apud Paulo Francis) compraram alguns dos bons velhinhos do cinema atual- L.C.Barreto e Cacá Diegues, entre eles. Caetano acertou quando defendeu políticas públicas que recuperem sítios históricos, como o Pelourinho e a Lapa. Mas continua com o vício de exigir que o Estado banque as veleidades artísticas de qualquer Sílvio Tendler, de qualquer Barretão, que, com o dinheiro fácil do governo, fazem lá seus filmes, sem qualquer retorno para o país. Ou, melhor, com um retorno um tanto negativo, afinal de contas, o que pensar de um país de cineastas apaniguados? O cinema nacional se desenvolveu na base da omertá, do compadrio. Caetano contribui para que nada mude. Seria melhor para o país se os novos cineastas seguissem o exemplo do velho Mazza. Vendam suas casas, seus carros, seus cachorros, suas mães.