terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Quem não chora, não mama!


Outro dia, saindo da praia de ipanema, fui pego de surpresa. Você deve estar perguntando se foi algum trombadinha passando de bicicleta ou o meu chinelo que havia esquecido na areia. Nada. De repente, me sai da esquina um bloco de carnaval. Encularrou-me na subida para o calçadão. Eu fico pensando: esses blocos deviam ter contagem regressiva para começar, com queima de fogos.
A pouco estava eu, penumbrado pela beleza étnica das ilhas cagarras logo a frente, um solzinho morno no começo da tarde, tomando aquele mate gelado. Tinha acabado de chegar de fora, logo, saudoso dos barzinhos, do rio de Jano, e, obviamente, da praia em frente lá de casa. Foi quando, trombones e tamborins ao fundo, me deparei com a realidade - aliás melhor metáfora para explicar a situação seria: "caí de para-quedas na realidade". O bloco já tinha começado a tempos, e iria terminar por ali, ou seja, ele nao ia passar. Meu pressentimento inicial se concretizou: estou encurralado!
Tentei, então, usar da sabedoria carioca - a alegria. Fingi estar animado e até entoava alguns cantos. O pior em cair de pára-quedas do lado de um bloco é ficar fora dele. Apesar de você estar em pleno senso do ridículo, o cantor-guia começa a te chamar para acompanhar o refrão da banda. Não contente, aponta um por um dizendo sua característica mais marcante: “vai gordinho”, “dança aí, vovó”. Com o pessoal do vôlei foi um prato cheio: enquanto jogavam, recebiam "análise da jogada" grátis do carro de som. Fora as pessoas que estavam dentro do bloco. Eu nao sei se é a aglomeração, a falta de oxigênio, ou a disseminação de comerciais de camisinha, mas muitas latinhas de cerveja não podem ser a causa deste descompasso humano que ocorre com o folião dentro de um bloco. Pior quando é perto da praia: ou lá vira banheiro químico ou "pensão de beira de estrada".
Mas eu não tinha como ir embora mesmo, pelo menos eles ainda estavam na calçada, e eu, mais agradável, estava na areia - bem perto do mar, quer dizer, dentro d'agua. Foi aí que lembrei do meu carro estacionado na rua: será que algum desses "músicos" pegou a tampa do capô pra batucar "Mamae Eu Quero"? É provavel, mas não quero pensar nisso agora. O sol está bom, a água ainda limpa. Bom, até aí tudo bem mas e o fim do bloco? Não vem, e antes que eu seja surpreendido novamente, vou andando pela areia em direção ao leblon.
Por sorte a vaga onde havia estacionado o carro era cara, e ainda tava lá quando eu cheguei, inteiro! Morri em 5 reais, o guardador falou que era “tudo nosso, doutor”. Mas a minha casa não. Era logo ali, e como havia sido sitiada pela muvuca, fui em outra direção: a contrária, para bem longe. Aous poucos o som do trombone foi se esvaindo, comecei a sentir uma brisa refrescante. No leblon, parei na primeira banca para comprar um jornal que me livrasse desses tipos de surpresas – afinal, quero acompanhar o carnaval sabendo onde estão meus blocos favoritos – e eis que vem a revelação: o jornal não informava nada sobre bloco de carnaval. Era um trio-elétrico.

Joao Vicente

3 comentários:

Anônimo disse...

se não pode vencê-lo, una-se a ele!

Anônimo disse...

essa suatuação é moleza perto do que aconteceu com um camarada no "simpatia é um horror" . Tentando entrar na Garcia D`avila de carro se viu cercado de folioes. Saiu do carro pegou uma cerveja ( só no Brasil mesmo) até que veio uma velhinha dançando o Créu . O cara desistiu de seguir em frente de fato, desligou o celular e foi dançar o créu com a senhora de pelo menos 80. ( sem exageros). Só foi embora dali a meia hora com direito a estainho da coroa e comemoração geral da pipoca.
Deixa de frescura joao, está chorando situações de fácil resolução. Atravessar cantando parte das marchinhas seria passar completamente despercebido.rs
excelente cronica de verao joao.
abss

Anônimo disse...

essa suatuação é moleza perto do que aconteceu com um camarada no "simpatia é um horror" . Tentando entrar na Garcia D`avila de carro se viu cercado de folioes. Saiu do carro pegou uma cerveja ( só no Brasil mesmo) até que veio uma velhinha dançando o Créu . O cara desistiu de seguir em frente de fato, desligou o celular e foi dançar o créu com a senhora de pelo menos 80. ( sem exageros). Só foi embora dali a meia hora com direito a estainho da coroa e comemoração geral da pipoca.
Deixa de frescura joao, está chorando situações de fácil resolução. Atravessar cantando parte das marchinhas seria passar completamente despercebido.rs
excelente cronica de verao joao.
abss