sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

A Ciência da Amizade

A amizade é a busca incessante de você em outra pessoa. Ela é muitas vezes frustrante, mas também excitante e recompensadora. Esta busca, assim como a busca pela felicidade, é o que nos move pra frente, ponderando as dificuldades e unindo ideais.
Ao mesmo tempo em que procura algo no outro, você está também sendo incomodado, subvertido, contaminado por este outro. Nesta corrida de mão-dupla, por uma simples convivência, há diversas batidas. Não tem linha que separe, não tem sinal que interrompa. Amizade é profusão de personalidades. é terapia em grupo. Uma faca no pescoço da hipocrisia. Sem ela não seríamos o que sabemos que somos. Nós só existimos no outro, e a busca da amizade é também a busca do auto-conhecimento. "Diga-me com quem andas e te direi quem és", já dizia o filósofo.
Olhar o outro através do olhar dele é a chave da antropologia para estudar nós, o homo sapiens, animal que se destacou dos outros por causa de uma mutação que o fez dividir a vida em dois mundos: o mundo real e o da fantasia. Desta maneira, ninguém enxerga o mundo igual ao outro. Ele tem a sua particularidade, a sua visão de mundo. O que a Antropologia faz é procurar entender esta visão, de uma maneira isenta e profissional. Mas acontece que, assim como em qualquer trabalho, fica difícil dissociá-lo da subjetividade humana. Por isso muitos antropólogos aderem a esta subjetividade dentro do seu trabalho, assumindo estarem à procura da descoberta do outro dentro de si próprio. Ora, podemos dizer que isto se trata de uma amizade técnica entre o pesquisador e o objeto estudado. Quem disse que os dois não são contaminados um pelo outro neste encontro, ao ponto de se verem na outra pessoa?
Bom, realmente fica difícil nos eximirmos desta tarefa. A busca da amizade está intrísceca a convivência humana. É o que nos faz criar nossas famílias, lares. A qualidade da vida social de um grupo é medida pelo grau de relacionamento entre seus indivíduos. É óbvio que precisa-se haver inimizades, pois senão a busca não teria sentido.
É como uma colcha de retalhos que vai se formando através dos fios de cada um, dando lugar a um outro significado independente, mas que cada amigo olha e fala: "Este sou eu".

Ps.: Para os amigos que foram, que são e que estão por vir.

Joao Vicente

2 comentários:

Anônimo disse...

Quer ser meu amigo, João !!!

Equipe Sobrecasaca disse...

I miss all of you, my friends. you don~t imagine how much