sábado, 5 de janeiro de 2008

É preciso saber morrer

Rimbaud presenteou sua (a dele) mãe com um exemplar de seu ( dele) próprio livro, "Temporada no Inferno". Após a leitura, a senhora Rimbaud perguntou: - "O que você quis dizer com aquilo, meu filho?".
Não sei se ela descobriu o que ele quis dizer. Mas eu descobri o que ela quis dizer: " - Filho, que porra é essa?". O livro é, quase todo, inacessível, obscuro, indecifrável. Rimbaud é contraditório, confuso e muitas vezes abusa do nonsense. Aqui e ali, surge uma imagem bonita, uma metáfora interessante, mas não acho que Rimbaud mereça tanta veneração. No Orkut, sua maior comunidade tem quase 5.000 membros. A de Whitman, que foi mais poeta, tem míseros 1.707 pobres diabos.
Talvez pegue bem dizer: "acho Rimbaud o máximo!!". Ou, talvez, sua popularidade se explique por ser o poeta dos alcóolatras, dos vagabundos e dos desesperados. Quem aí não tem uma destas três qualidades?
Rimbaud parou de escrever aos 21 anos de idade e foi traficar armas. Foi sua atitude mais nobre. Pena que nisso, ninguém o quis copiar. Hoje, todo se dizem influenciados pelo poeta. Qualquer um, em qualquer bar, tem um verso rimbaudiano na ponta da língua, mas ninguém tem coragem de largar o osso. Michel Melamed, por exemplo, estaria disposto a deixar a poesia e um emprego estável na TV Lula pelo tráfico de armas? Pelo cargo de porteiro no prédio 255 da Rua Barata Ribeiro, Copacabana?

Dan

Nenhum comentário: