domingo, 20 de janeiro de 2008

Me dá um dinheiro aí!

Imagine que, por um súbito devaneio, você chegue ao seu pai e emende: "Olha só, ô pai, a partir de agora eu vou chegar em casa sempre depois de meia-noite porque cansei dessa vida medíocre, vou transformar meu quarto em um estúdio de fotografia e trazer várias modelos gostosas para um ensaio sensual, beleza?". Aí, como não tem nada de bobo, seu pai aceita os ensaios, mas diante de tal atitude imperialística, ele sugere uma ressalva: "Meu filho, quem é que paga as contas aqui?".
Na verdade é ele, mas o que uma coisa tem a ver com a outra? Simples. Quem tem dinheiro, tem poder. O negócio é que o poder está intrinsecamente ligado ao dinheiro. Vivemos em um mundo, pelo menos na parte ocidental dele, concebido sob a ótica capitalista-cristã. Onde a "salvação" se dá através do trabalho, e o fim de toda evolução espiritual está no material. A vitória deste tipo de pensamento se deu graças a um grupo de cidadãos chamados retoricamente de burgueses.
Inconformados com o ultraje sofrido por pagarem exorbitantes taxas tributárias, eles se revoltaram contra a nobreza da época que não despendiam um centavo sequer pois se gabavam do cargo de previlegiados do reinado. Compraram seus próprios exércitos e tomaram o poder, para o alarde de todos os camaradas que ficavam deitados na rede, só vendo o tutu entrar. Aí, claro, fizeram o que os outros faziam também, protegiam seus coleguinhas. Para não gastarem muito, resolveram inventar um tal de liberalismo econômico, onde todos podiam comercializar à vontade sem que pagassem nada ao leão. E ainda não satisfeitos, saiam dizendo a todo mundo que trabalhassem bastante, pois só assim poderiam desfrutar de uma estada em alto estilo perto do senhor Jesus Cristo, lá no céu, não na terra.
A terra ficava com eles para acumulação de riquezas e assim ter mais poder sobre as classes sociais inferiores, como o proletariado por exemplo. Aliás, esse negócio de classe social é outra tramóia desta turma. A sociedade antes era dividida apenas entre seus cidadãos e líderes. De repente, um bando de comerciantes espertinhos veêm no trabalho a redenção para seus problemas: "Vamos transportar esta estrutura social de líderes e subordinados para dentro da divisão do trabalho", criando assim classes sociais baseadas nas relações de trabalho. Aí, vem os assalariados, os funcionários públicos, os operários - estes com uma nova onda: o comunismo - entre outros.
E parece que colou essa idéia de que todos estão fadados a serem uma coisa só: um pescador, um empresário, um arquiteto, um escritor. Por que eu não posso ser um pescador-empresário-arquiteto e escritor? No capitalismo ou você muda ou sai de cima. O que se vê de irônico destino para nós é fruto deste processo hitórico: Industria cultural, terrorismo, comunismo cubano, recessão americana, China socialista de mercado. Ah, por falar na China, o I Ching, provável única fonte de sabedoria filosófica do oriente (alguém me avise, por favor, se tiver outra) tem uma característca muito interessante: A consciência humana não é formada pela matéria. Nem precisa ser expressada materialmente para sabermos que existe. Talvez seja por isso que os EUA, por serem os mais ricos, sejam um dos povos mais infelizes do mundo.

Joao Vicente

15 comentários:

Anônimo disse...

Tá cheio de filosofia oriental por aí. Confucionismo, Tao-Te-Ching e por aí vai...uma mais esquisita que a outra. Quanto à polêmica abaixo, não arredo pé de ser intransigente, rigoroso e crítico em relação à cultura brasileira. Passar a mão na cabeça dessa gente incompetente da arte e da cultura levou o país ao deserto cultural em que vive. Se ela dança, eu danço!

Anônimo disse...

todas estas filosofias beberam no i ching, que eh tipo um oraculo filosofico do oriente. o queria dizer era que o oriente se diferencia do ocidente justamente nesta base filosofica que formou o pensamento e a consciencia dos amarelinhos.

Anônimo disse...

os amarelos são os mais sábios do mundo. tanto são que a china (pseudo socialista)hj bateu a economia dos eua. confesso que não sou conhecedor das fontes de sabedoria do oriente, mas não tenho dúvida que elas existem e que não são poucas.
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a respeito da polêmica anterior, senhor Daniel, eu acho errado vc escrever que o pessoal da arte é incompetente. se não fosse esse pessoal incompetente nós não iriamos ao sambinha toda terça, não haveria essa infinidade de blocos de rua no carnaval. é só parar pra pensar que vc perceberá que a arte brasileira é consumida por nós mesmos.....
reclamar de incompetência é absurdo .... qts vezes vc foi ao teatro, ao museu,a exposições, a concertos de musica no ano passado? poquíssimas. pois é. o desprestígio da população só piora as coisas. os espetáculos americanos da brodway vivem lotados, os blockbusters dos eua são vistos aos montes, quando é lançado uma merda de filme americano os próprios fazem questão de colocá-lo como um dos melhores já vistos...
temos que valorizar nossa cultura
O OLHO DO DONO É QUE ENGORDA O BOI
o mal é achar que a grama do vizinho é sempre mais verde...
se todos da arte fossem mediocres, não haveria matéria para escrever nos cadernos de cultura.... vc está equivocado, daniel!!!
vc está falando sem saber o que fala, está com mania de meter o pau no país sem enxergar onde mete...
mariana aydar, roberta sá, diogo nogueira, maria rita, casuarina, anjos da lua, batuque na cozinha, e outros tantos estão fazendo MPB de qualidade, moderna e repaginada... enquanto vc reclama erroneamente, eles estão bebendo água no deserto da cultura que vc cisma em relatar....nessas férias estão rolando shows em tudo que é lugar, no morro da urca, no pier mauá, no canecão, na fundição, no circo e etc... bem como as peças e as exposições....
as exposições não são vistas por mim nem por vc... tive oportunidade de escrever no caderno de cultura do jornal e vi que as coisas estão sendo feitas, mas não são vistas pela maioria... vc sabia que grande parte das exposições são gratuitas? niguém quer sair da frente da tv para ver arte ao vivo... é mais facil dizer que nada acontece...
realmente entre as décadas de 50 e 80 registramos o boom nas artes brasileiras... de 90 a 2000 estivemos um pouco estagnados, mas de dois, três ano para cá a coisa tá mudando de figura....
abra os olhos que vc verá
passe uma tarde no CCBB, depois vá ao MAM, em seguida vá nas galerias de arte do shopping da gávea, depois passe no MAC, ai dê um pulo em qualquer teatro, vá na sala baden powell, depois no espaço oi futuro, na sala de cultura laura alvim, na cecília meirelles e só depois de fazer tudo isso escreva um texto dizendo que o brasil é um desertio cultural... ai sim respeitarei como plausivel a sua opinião.
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a polêmica é o etanol do nosso blog !!!!
fui abraço !!!!

Anônimo disse...

estou fazendo o papel do júlio enquanto ele esta ausente

Anônimo disse...

estou fazendo o papel do júlio enquanto ele esta ausente

Anônimo disse...

Foi só mexer no vespeiro da arte, que começou o rebú. Disse e repito: os filmes brasileiros são horríveis, os cantores piores ainda e as artes plásticas dispensam comentários. Se o público gosta ou não é outra história.
O nível de uma cultura não se mede pelo número de shows, peças ou concertos. Qualidade é uma coisa, quantidade é outra. Todos os shows de MPB do ano passado juntos não valem um romance de Shakespeare. Quanto à competência, confesso que errei. Os artistas brasileiros são muito competentes, principalmente na arte de engabelar o público, com apresentações sofríveis, letras piores ainda e melodias bocós. Só no Brasil, Roberto Carlos é rei.
São competentes, também, na arte de afanar o bolso dos cidadãos, prometendo obras-primas com dinheiro público e devolvendo lixo. Ou às vezes, nada. Não é, Guilherme Fontes?
O CCBB e a Caixa andam cheios, em alta. No nível cultural em que estamos, qualquer exposição de objetos rupestres africanos é louvada e merece páginas e mais páginas de crítica nos jornais. Prefiro minha casa. Proponho um boicote a todos os eventos culturais. Deixe a cultura descansar em paz!

Anônimo disse...

eu me recuso a bater palma para um blockbuster desses, e se eles batem eh porque sao mais alienados do que nós. falta beleza na arte, hoje em dia ela eh denuncista, insiste em esfregar na cara do espectador o horror social e politico que nos assola. tem uma frase do stravinski que diz: "a obra de arte deve ser exaltante". acho que ela deve ser exaltante ao que esta se perdendo, que esta conexao com o humano, ao inves de uma mera representacao deprimida da realidade. agora, insito em evocar que esta "militancia" eh fruto do eixo do mal capitalista, criticos e curadores se negam a denunciar oprtunismos, com medo de serem chamados de caretas ou reacionarios. a ignorancia no poder, a sordidez mercantil, o fanatismo do terror, a bocalidade da industria cultural cegam a gente do erro que se está cometendo na arte contemporanea.

Anônimo disse...

sinceramente, eu acho que vocês estão criticando sem embasamento. sejamos francos, na nossa roda de amigos são raras as vezes que alguém vai a uma exposição, numa apresentação de dança ou de qualquer manifestação artística que não seja show de música.
é muito fácil meter o pau... não tô dizendo que é preciso bater palma para arte brasileira, mas no mínimo reconhecê-la!!!
nunca chegaremos a um denominador comum nessa discussão, mas vcs precisam rever seus parâmetros de crítica...
vocês sabem que tudo tá uma merda, mas não sabem apontar quem é merda....
um contraemxemplo do que o joão argumenta é o grafiteiro e artista plástico Smael – o cara é da nova geração de pintores, pinta muito bem e não apela para as mazelas socias...
e lembrem-se também que as artes acompanham a realidade local... ela é ferramenta de denuncia social sim... e isso não ocorre só no brasil não...
não é possível que tudo esteja nesse deserto todo...
tem arte para todos os gostos.. se vc não quiser ver um filme brasileiro denunciante, por exemplo, há opção de filmes água com açúcar que são arte de qualquer forma....
pensem nisso...e quando vcs vierem dando nome aos bois, conhecendo direito o panorama das artes no Brasil, a gente discute direito...

Anônimo disse...

Se eu assistir a 4 peças, 5 shows e 2 óperas esse mês, vou ter "embasamento"? Conhecer a arte do Smael é ter "embasamento"? Que embasamento é esse?
Tenho que ter diploma em artes plásticas para achar a obra da Lygia Clark estúpida? Ou curso de cinema para achar os filmes do Hector Babenco horríveis?
O único embasamento possível é a opinião.

Anônimo disse...

meu querido
arte nao eh nem nunca foi ferramenta de denuncia social. eh como dar a televisao o papel de educar. se for pra fazer critica social, ninguem eh meklhor artista que os homens-bomba e o osama bin laden. e outra: eu nao sei quanto a vc, mas eu vou e sempre fui a exposicoes e outros eventos desse tipo, alem de estudar o assunto na universidade. o que mais vc quer para credibilizar a minha opiniao?

Anônimo disse...

É isso aí!
Este não é um blog de beócios. Todos aqui têm cultura. Me sinto bem à vontade pra falar de política, cultura, até culinária. Humildade é pros humildes!

Anônimo disse...

po, então vcs se mudem pro exterior, pq lá é existe cultura...
a arte, entre outras coisas, é ferramenta de denuncia social sim...vc pode dizer que a sua preferência é a arte descomprometida com o social...mas que existe arte denunciante, existe...
francamente... vc pode dizer que a obra de Lygia Clark é estúpida, mas não pode generalizar dizendo que a cultura brasileira está morta há 40 anos... que vivemos um deserto cultural...
se vivemos tão mal assim.. pq vc, daniel, está empenhado em lançar um livreto de poesia...desiste logo....
O pior é que sua opinião, daniel, é contraditória, pq o Renato Russo (um de seus idolos brasileiro – todos sabemos, não adianta negar) é da década de 80 ... ué?? como pode se a cultura morreu nos anos 60?
continuo a dizer q vcs estão apontando o dedo sem nenhuma credibilidade... voces estão negando o inegável...

Anônimo disse...

"ROTULAR UMA IDEIA NEM SEMPRE É O MELHOR CAMINHO PARA CRITICÁ-LA"

Anônimo disse...

nao estou rotulando, voce que nao esta entendendo a minha opiniao. acho que vou ter que rotulá-la pra ver se vc a enxerga. salvo uns talentos individuais aqui e outro ali, a arte virou instrumento do denuncismo esquerdista que absolve gente sem talento e destroi a propria arte. infelizmente, a arte floresce onde tem dinheiro, e aqui na republica bananistica do brasil nao tem dinheiro, tem banana.

Anônimo disse...

O Bili tem uma certa dificuldade em comprender metáforas ou expressões um pouquinho mais complexas do que "o céu é azul". Quando eu digo que a cultura morreu, é uma força de expressão- isto não quer dizer que não exista gente fazendo boa arte por aí, apenas que são poucos e que pregam no deserto- o deserto cultural brasileiro