terça-feira, 14 de agosto de 2007

Tempo Cigano

Li recentemente o livro “Nuvem Cigana”, sobre o grupo homônimo que participou do movimento de contra-cultura dos anos 70, e reunia poetas, músicos e artistas plásticos, entre outros pensadores da época. No livro, que, na verdade, são entrevistas com os membros do grupo, eles relatam suas experiências à época, tanto na produção cultural quanto as loucuras vividas no período, que teve como símbolo máximo as “dunas do barato”.
O que eu fiquei pensando após a leitura do livro é como determinada época ou período é idiossincrático, tem características próprias. Compartilhando minha reflexão com o Daniel, a partir da leitura de um filósofo que só ele e o Dapieve devem ter lido, me disse que isso se chama “Espírito do tempo”. (É isso, Dan?)
Essas atitudes são reflexo da época em que estão inseridas. Acho que a física explicaria isso como ação e reação. No caso, por força da ditadura, que impedia as manifestações artísticas e culturais, tudo aquilo tinha, de certa forma, uma representatividade, ainda que despretensiosamente. Penso cá com meus botões: o que eles fizeram na década de 70 é, teoricamente, passível de ser feito nos dias de hoje: ficar doidão o dia inteiro, usar essa doideira de forma produtiva, no campo das artes, principalmente, não ter muita ambição financeira e todas as outras características que conhecemos das pessoas que viveram o período. Mas, hoje em dia, qual seria o sentido disso?
Outra reflexão que podemos tirar também é sobre o período em que estamos inseridos. Quais são as características do mesmo? Pressa, ambição, consumo? Para não soar clichê, não quero dar juízo de valor nem a uma época nem à outra. Acho que, assim como tudo na vida, cada qual tem suas vantagens e desvantagens. Por exemplo, acho que nossa geração é muito preocupada com trabalho e família, tem isso como um valor importante. Particularmente, vejo isso de forma positiva (senão chegar à neurose, claro). Enfim, é sempre bom estarmos refletindo sobre o nosso tempo, os hábitos, os costumes e os valores dele.
Mas, de qualquer forma, quanto mais leio sobre as décadas de 60 e 70, pode parecer estranho, mas sinto nostalgia de um tempo que não vivi. Ainda mais depois de ir na Baronneti...

Júlio

Um comentário:

Anônimo disse...

É isso aí, espírito do tempo, ou "zeitgeist", para os que queiram impressionar!!