quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Por falar em realidade

Há 5 dias só escrevo termos técnicos, jargões acadêmicos, paralaxes teóricas e palavras tão ou mais pernósticas quanto "paralaxe" ou "pernóstico". Gostaria muito de explodir a academia, estabelecer o ensino superior no amor e criar um Fundo Nacional de Incentivo ao Pensamento Livre. Como não tenho a mínima chance, escrevo. Apenas escrevo assim, a esmo.
Escrever é a atividade mais estranha que uma pessoa pode desenvolver hoje em dia. Pra quê isso? Com as mil e uma experiências psico-áudio-visuais da modernidade, escrever virou coisa de neanderthais, primatas, visigodos, assim como ler. Você pode perguntar: qual o sentido de ler? Ler faz todo o sentido, mas a questão é: quanto menos sentido melhor. Depois do "sentir", o "sentido" se perdeu.
Isso parece profundo, sofisticado, mas não é. É apenas a constatação de que a reflexão, o exame de consciência, a busca da crítica na interioridade, que sempre resultaram em genialidades como os ensaios de Montaigne ou a literatura de Dostoiévsky se perderam. Ficamos à deriva, no fogo cruzado da cultura(?) das massas.
Então, você me pergunta, o que fazer? Só vejo uma solução, uma única saída não muito digna ou gloriosa: a amnésia. Esqueçam. Parafraseando FHC, esqueçam o que eu escrevi. Voltemos à realidade. Dura e penosa realidade.

Dan

Um comentário:

Anônimo disse...

Depois de ler vc fica difícil esquecer,Dan.A realidade é algo um tanto chato,mas...

Bjitos p/equipe,
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