quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Um vácuo de sensações

A crônica do alto poeta Dan, que segue logo abaixo, reacende um assunto que nos faz refletir sobre a profunda imensidão do dilema da raça humana: "de onde viemos? para onde vamos?". Uma procura que de tão ineficaz, passa a ser vista como ociosa.
É como se não houvesse mais espaço, ou mesmo interesse pela esperança, ou um grande devaneio de beleza na arte, um grito de liberdade na juventude. O que se vê, hoje, em qualquer manifestação cultural ou política - haja vista os filmes brasileiros na Europa, que sempre contêm elementos relacionados a favela e miséria social associada ao tráfico - é uma procura pelo horrendo, uma vontade de entrar em guerra quando, na verdade, a guerra pemanece dentro de nós, parece que a poiesis, a arte pela arte, a busca pelo prazer, passou a ser "alienada" ou descartável. O que absorvemos dos veículos de comunicação, que a priori são fatores determinates para unificação de um povo, é uma representação deprimida do que é o mundo. Há uma preocupação em superexpor a realidade, ao invés de reinventá-la.
Mas o mundo mudou muito, principalmente após o 11 de setembro. O sórdido imperalismo mercantil dos países ricos, o fanatismo do terror, a boçalidade da indústria cultural, o beco-sem-saída em que se meteu o neo-liberalismo, a violência urbana. O que nos choca mais: uma instalação com um cadáver em um museu, ou um assassinato em série numa escola?
Não precisamos mais fazer críticas ao capitalismo, ou sobre a questão complexa da democracia brasileira que, por exemplo, mesmo depois de vinte anos de sua restauração ainda apresenta traços podres em sua estrutura. A maior crítica que pode existir ao mundo moderno e ao capitalismo são os homens-bombas, os adolescentes suicidas, os populistas-oportunistas. Esta é a trágica ironia do nosso destino, cada vez mais longe ao passo que abaixamos a cabeça, com medo de sermos taxados de "caretas", vanguardistas, utópicos, e realmente estar a serviço da inteligência na educação de base, uma vez que é restrito o acesso ao livro na escola, aumentando proporcionalmente o número de analfabetos funcionais no país.
O que nos falta é esta sensação anestesiante de ser tocado pela beleza, algo assim como a crônica do Dan, o futebol de antigamente, Vinícius de Moraes, a nossa infância.
Ah a minha infância... Foi rasteira. Passei ela toda com os pés no chão, caçando marinbondo ou fazendo castelo de areia. Era de uma despretensão ímpar aos dias de hoje. Onde se busca, a qualquer preço, um resultado, um objetivo, uma saída.
Pelo visto, não vou conseguir terminar esta crônica hoje. Pois ao terminá-la, estarei de novo desistindo...

Joao Vicente

Um comentário:

Anônimo disse...

Por que vc quis ressaltar a altura do Daniel?