quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Tropa, depois de visto

Finalmente assisti a Tropa de Elite. E, ao contrário do que previ no último texto, não achei o filme maneiro. Muito pelo contrário. Achei o filme uma merda. Vou tentar basear da forma mais clara meus argumentos. Para começar, a cena que achei mais idiota e mais me irritou. A discussão na sala de aula, passada na PUC, não poderia ser mais imbecil e caricata. “Uma vez fui muito mal tratada numa blitz indo para Búzios”, ao que os outros colegas de classe confirmam e também falam das agressões que já sofreram pela polícia. E o professor olha aquilo tudo como se tivesse estarrecido com tais informações. O jovem policial negro discorda, usando os argumentos totalmente estapafúrdios. Que cena idiota (desculpe se já usei idiota anteriormente, mas também já usei estúpido, imbecil...não lembro de um adjetivo diferente agora.) A cena em que a menina da ONG, amiga da menina que o policial negro “dá uns pegas” no final, morrendo com um tiro na cabeça é horrível, bem como a do “playboy” queimado nos pneus. Horrível e desnecessária. Enfim, não dá para descrever todas as cenas que achei horríveis, imbecis, idiotas... O filme, como um todo, é uma seqüência de estereótipos. O policial negro, que sofre preconceito. Os playboys maconheiros idiotas, que são os culpados pela violência da cidade. Além do que, o filme coloca os que participam de ONGs como “mauricinhos e patricinhas que querem fazer algum bem aos pobres”, e recomenda que não façam isso. Tudo bem, eu sei que documentário é uma visão parcial, é a opinião de uma pessoa, tudo bem... Mas também posso dar minha opinião sobre a opinião de uma pessoa: idiota, superficial, caricata, estereotipada. Ah, o filme não tem nada legal? Tem. A história da BOPE e suas atribuições por si só já são muito interessantes e intrigantes. Foi uma sacada muito legal fazer um filme sobre isso. Além da atuação soberba de Wagner Moura, as cenas de ação e tiros na favela são muito bem feitas e produzidas. Mas isso era o mínimo para um filme que custou mais de 10 milhões de reais. Honestamente, prefiro os poucos recursos, mas a visão muito mais equilibrada e lúcida de “Notícias de uma guerra particular”. Temas tão delicados cabem muito mais no formato de documentário do que numa ficção a la Tarantino.

Júlio

5 comentários:

Anônimo disse...

Fofinho, vai ler conto de fada! Garanto que com bambi você se comove, mas sabe que é ficção, né? Não conseguiu dormir, foi?
Se identificou com o playboy discriminado, só pode ser... não é fofura?

Quando for assim chama mamãe que ela dorme com você.. reza pro papai do céu!

nhoo nhoo nhooo nenenzinho

Anônimo disse...

Eu acho Bambi emocionante mesmo, anônimo.
Você deve ficar chateado com as blitzs que leva indo para Búzios, ne?
Esses policiais são muito maus mesmo.

Anônimo disse...

Pô, Júlio. Você foi o único que ouvi dizer que não gostou do filme. Acho que ele retrata bem a realidade da sociedade carioca e suas diferenças. Essa história de dura indo pra búzios é verdade, todo jovem de classe média já passou por algo semelhante.
Acho que a maneira caricata e esteriotipada é comum a todos longa-metragens. Os esteriótipos são justamente para identificar cada tipo de pessoa e cada estilo de vida. Se não fossem eles ficaria algo muito vago. Em filmes é preciso generalizar para criar identidade.
Vai dizer que no filme Cidade de Deus ou Carandiru não ficaram evidentes os diversos esteriótipos existentes. Bem ou mal, por mais que seja contra nossa vontade, nós somos esteriótipos de jovem classe média da zona sul acostumados com luxo e regalias. Achei o filme muito bom, lógico que respeito sua opinião - diferentemente do anônimo mongol que de tão covarde não se identifica, mas acho que a cena da discussão em sala de aula foi bem feita. Acho que ele passa a mensagem certa e dá um tapa na cara daqueles que dizem que são usuários de drogas e não contribuem para o tráfico. Acho que o filme foi tão comentado justamente pelo grau de realidade e pela identificação das pessoas com os personagens. Eu gostei muito, Seu zero dois.

Anônimo disse...

Você e o Arnaldo Bloch compartilham da mesma opinião. São os únicos no Brasil.

Anônimo disse...

Toda unanimidade é burra.