quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

A (para) quem interessar

O maior desafio de um escritor e de um jornalista, depois claro de pensar numa boa história, é escolher as palavras exatas (precisas) para compô-la. Acho que é isso que faz um escritor ou mesmo um jornalista melhor do que o outro, entre outros aspectos, claro. Ao longo deste texto, tentarei mostrar (exemplificar) o dilema que ronda minha cabeça na escolha de palavras e pela qual todos que escrevem devem passar. As que estão entre parênteses são as que fiquei em dúvida entre a própria e a que a antecede. Por exemplo, a primeira frase deste texto poderia ser: O grande desafio de quem escreve, após logicamente elaborar o texto, é achar as palavras certas para fazê-lo.
O texto é a junção (união) de palavras. Para fazê-lo (escrevê-lo) bem, é necessário ter um repertório grande delas e também saber o significado exato das mesmas. Há dois exemplos ou contra-exemplos disso. Eu achava que uma cidade cosmopolita era uma cidade que exportava seus costumes. Quando não é. Já o Dan achava que quando uma coisa aumenta sensivelmente queria dizer um aumento sensível, pequeno. O que apesar de fazer lógica, também não é.
Por isso sou contra palavras genéricas, como por exemplo, coisa; tipo; isso.
Ex: O ministro anunciou, entre outras coisas, a reforma do hospital. Por que não, O ministro anunciou, entre outras medidas, a reforma do hospital? Ou se não forem medidas: O ministro anunciou a reforma do hospital, além de...
O grande (bom) escritor é aquele que sabe exatamente dar emprego à determinada palavra em determinada situação. E é o que eu espero e tento me aproximar de fazer algum dia.
Um outro exemplo que pode parecer bobo (raso), mas do qual me recordo até hoje: no primeiro período da faculdade, a professora de Gramática estava justamente explicando a diferença entre as palavras, e que não existem palavras que querem dizer exatamente a mesma coisa que outras. Senão, não haveria o porquê de existir mais de uma. O exemplo que ela deu foi o seguinte: Se a secretária deixa na mesa do chefe um bilhete escrito “importante” e outro com o título “imprescindível”, qual dos dois você lerá primeiro?
Acho eu que usar linguagem rebuscada não compõe (faz) necessariamente um bom texto. Sou daqueles que preferem a linguagem mais simples, porque, afinal, para mim ao menos, o principal objetivo de um texto é passar a mensagem; ou seja, fazer a comunicação emissor-receptor. Por isso, sou fã de Machado e Nélson Rodrigues e não consegui ler “Grande Sertão Veredas”, de Guimarães Rosa.
Para compor (redigir) um bom texto também é saber bem usar vírgulas, pontos, travessões e aspas, das quais sou fã. Mas isso fica (deixa) pra próxima.

Júlio

4 comentários:

Anônimo disse...

Pergunta para bom escritor (não bom entendedor). Se eu quero ler o texto do Daniel, do Sandro e do João, eu acesso o "sobrecasaca". Se eu quiser ler os textos do Julio, vou a que site, ao "inverno de julHio" ou ao "sobrecasaca"?

Aproveito tb para fazer minha defesa a Guimaraes Rosa e Graciliano Ramos, dois mestres da nossa literatura - embora prolixos, textos com cuidado estético, sem ignorar seu conteúdo, fruidez e qualidade....

E tô dentro do futebol. Temos 11. Daniel, então, tá na "di-fora"?

Anônimo disse...

Escrevo em ambos, Chico. Tô monopolizando a internet.
O Daniel vai jogar na lateral-DIREITA.

Anônimo disse...

Graciliano Ramos disse que "A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer"

Chicão, você e o sandro ficam na SEGUNDA de fora!

Joao Vicente disse...

Aqui da 'de fora', eu queria dizer que tambem escrevo em outro blog, o Sombra boa. Aguardem "Passaporte", novo livro de contos, em março nas bancas!