quarta-feira, 26 de março de 2008

Eu e Lula, Lula e eu

Esbarrei algumas vezes com o presidente Lula. Para ser mais exato, duas. Uma em Brasília, outra no Rio. O primeiro esbarrão já faz parte de meu folclore pessoal. O ano era 2003. O lugar, a Esplanada dos Ministérios. O idiota, eu. Idiota porque ali, na cerimônia de posse, em meio a bandeiras da CUT, do PSTU , dos Dragões da Independência e outras esquisitices, um certo sentimento de compaixão e esperança juvenil me arrebatou e me pus a chorar copiosamente, enquanto vislumbrava um Brasil diferente, em que as camadas populares finalmente teriam voz e valor. Não é um episódio que acrescenta muita coisa à minha já não muito honorável figura, mas ,pelo menos, segui depois a recomendação de Nelson Rodrigues e envelheci. Deixadas de lado as ilusões infantis que eu nutria na época, o que ficou foi um sentimento de ridículo e uma boa história para contar aos amigos. O segundo esbarrão foi aqui no Rio, por ocasião de alguma dessas cúpulas internacionais inúteis. Eu estava no ônibus, indo para o centro da cidade, quando fui surpreendido por um engarrafamento monstruoso. Era ele. Era Lula. Se o primeiro encontro me causou apenas um vago sentimento de ridículo, o segundo me trouxe raiva, muita raiva. E atraso. E dor de cabeça. Naquele ônibus, naquele momento, tive impulsos LeeOswaldianos. Mas Lula, mais malandro que Kennedy, se locomovia lentamente dentro de uma Blazer blindada, um Caveirão da República. Não havia escapatória. A conclusão que tirei destes encontros foi que o pior que um político pode causar a um cidadão é um engarrafamento. Mensalões? Aumento de impostos? Obras superfaturadas? Disso se escapa facilmente- basta não ler o jornal, nao ligar a TV, passar o dia dormindo. Já do engarrafamento, deste ninguém escapa.

-Dan-

2 comentários:

Anônimo disse...

geralmente sentimentos de compaixao e esperanca sao causados mesmo por obras de arte, que tem a intençao, assim, de arrancar do espectador a verdade por tras da representaçao. como a posse de um presidente nao se trata de um teatro, é compreensivel entender o que de nós faz um lugar na plateia. neste drama em que vivemos, o melhor é fechar a cortina, para que mitos como o do Lula nao voltem a cena.

Anônimo disse...

sorte que não moras em sampa