segunda-feira, 3 de março de 2008

Diferenças

Diálogo entre filha e pai há uns anos atrás:
–Paiê, deixa eu ir na passeata que Vladimir e o Franklin organizaram?
–Não é perigoso, minha filha?
–Ih, pai! Deixa de ser careta! Você se preocupa demais.
–Essas manifestações… outro dia deu no jornal que um estudante morreu num confronto com a polícia.
–Ah, deixa? Todos meus amigos vão.
–E daí que todos vão?
–Poxa, papai! Daqui a pouco vão achar que eu sou de direita.

Diálogo entre filha e pai nos dias de hoje:
–Paiê, deixa eu ir na rave do dia 1º?
–Não é perigoso, minha filha?
–Ih, pai! Que caretisse!
–Essas festas… outro dia deu no jornal que um garoto morreu num lugar desses.
–Ah, deixa? Todo mundo vai.
–E daí que todo mundo vai?
–Pô, pai! Daqui a pouco vão pensar que eu sou emo.

Embora apresentada com ironia, essa é a diferença entre os jovens de ontem e os de hoje. Sacrificados pelas mãos de ferro da ditadura militar, os de ontem procuravam desenvolver o intelecto e fazer parte do contexto político de seu país. Com dezoito anos a moçada já sabia o que queria, tinha lido uma cacetada de autores importantes e não aceitava calada às imposições do Estado. Antes a maioridade era maioridade realmente. Minha mãe foi morar sozinha aos 18 – tudo bem que a vida financeira antigamente era menos complicada que a atual – mas ressalto a vontade de sair de casa que hoje falta a muitos. A juventude atual não tá ai para nada, salvo por algumas exceções que decidem mostrar que têm algum valor cultural e criam blogs interessantes (hehehe). Um garoto de 18 anos, hoje, é um simples garoto que pensa apenas em curtir a vida – eu conheço uns caras de 20 e tantos que ainda não passaram dessa fase. A juventude está muito acomodada. Os pais, preocupados em deixar que nada falte aos seus filhos, esquecem de puxar a rédea quando necessário. Já que viveram tempos de tão pouca liberdade na ditadura, liberam muita coisa sem dimensionar os efeitos colaterais. Não impõem limites, poisos os de sua época eram impostos de forma cruel e arbitrária. Essa falta de cobrança atrelada a uma acomodação lobotomizante faz com que um monte de marmanjo viva vidinha medíocre, more com os pais até a eternidade e não pense em adquirir a famigerada independência. A única preocupação da mocidade é em quando será a próxima rave, ou como está sua imagem perante a um grupo distinto, se o corpo está bonito para desfilar no posto 9, entre outras de igual irrelevância. A vida para esse povo é uma eterna diversão. É claro que o lazer é importante, mas é preciso ter projetos, querer evoluir. Tida como a melhor época da vida, a juventude não serve de estacionamento de nostálgicos. Na boa, fico puto com gente de mais de 20 anos que nunca trabalhou e que mesmo assim não está a procura.

Lucas

2 comentários:

Anônimo disse...

eu tenho 16 e ja trabalhei em duas lavouras

Anônimo disse...

Eu tenho 39
Trabalhei aí um dia
Nem gostei não. Chatão aí.