terça-feira, 2 de outubro de 2007

Mpb de hoje ou de ontem ?

Gosto musical não se discute, cada um tem o seu. Mas uma coisa é certa: ninguém escuta as mesmas músicas a vida toda. É questão de fase. Às vezes você quer ouvir coisas mais antigas, ou mais tristes, ou até música sem voz, só instrumento. Vamos direto ao ponto. Cansado das que vinha escutando, decidi baixar coisas novas. Digo novas no sentido de inéditas para mim, não coisas modernas. Enfiei-me no mundo virtual à procura de novos sons. Nada de letras complexas e inteligentes.
Queria algo que não me remetesse à reflexão alguma, porém, que me fizesse bater o pé e tamborilar os dedos. Tanto procurei que achei. Novos Baianos. Fiz o download do cd “Acabou Chorare” no meu capenga e guerreiro micro. Ele tem mais música do que qualquer outra coisa. Aguardei o download com paciência de quem espera um prato de comida.
Pronto, baixou. Nossa, que som. Que estilo. Uma batucada frenética. Dá pra perceber a quantidade de instrumentos usados. Em suma, sensacional. Formado por Baby Consuelo, Moraes Moreira e sua trupe, os Novos Baianos mesclavam vários estilos num só e com uma propriedade que me agradou ainda mais. O sotaque. Muito bom.
Quem lê esse texto deve questionar sua finalidade dele. Eu me adianto respondendo que o objetivo é justamente esse, indicar um cd. Eu costumo ouvir coisas mais antigas já que a música popular brasileira atual está capengando. Antigamente existiam grupos de vários artistas – o que valorizava o som.
Pego meus lps e vejo que em uma porção de discos havia faixas com participações especiais. Por exemplo, num disco do Gil tem faixa com a participação do Caetano. O barato é que do lado da faixa vem escrito “artista gentilmente cedido por tal gravadora”. Participar de discos dos outros era bastante comum naquele tempo.
Hoje, há uma procura maior pela carreira solo. A lei do cão prevalece. Não ajudo ninguém porque ninguém me ajuda, é o que dizem. Em minha opinião isso é culpa do mercado que vende um nome, uma marca, ao invés de uma banda ou conjunto. Não que no passado não ocorresse abandono de banda. Mas eu acho que antes havia uma troca maior entre os artistas. Freqüentavam os mesmo lugares. Pensavam parecido. Eram ativos politicamente. Era possível dizer que existia uma massa artística, homogênea em suas idéias.
Um exemplo mais que ilustrativo dessa lei do cão é o do Seu Jorge e do Farofa Carioca. O Farofa era uma “big band”, dezenas de artistas e instrumentistas, cada um fazendo o seu, no final o som ficava magnífico. Foi o Seu Jorge sair que ela acabou no ostracismo. Então, alguém diz: “Ele era o líder, sem ele a banda não seria nada”. Concordo e discordo. Se não fosse a qualidade musical do Farofa, hoje em dia não saberíamos a diferença entre Seu Jorge e Seu Zé. Com o Planet Hemp aconteceu a mesma coisa. A banda alternativa deu lugar a uma carreira solo de popstar. É triste.
Escrevendo esse texto me dei conta de que nenhuma banda ou artista que faça música de verdade, de qualidade, foi lançado no século XXI. Planet, Farofa, O Rappa, Los Hermanos, Natiruts, Raiumundos, Lenine, Pedro Luiz e a Parede, Paulinho Moska, Nação Zumbi, Marisa Monte, entre outros, já existiam no final da década de 90. Pensando aqui, não consigo me lembrar de alguém que ingressou na carreira musical depois do ano 2001. A tão reconhecida Mpb está definhando. Espero ansiosamente que ela se reerga.

Um comentário:

Anônimo disse...

a mpb tá quase morta