segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Domingo verde

Júlio

Eu adoro eleição. Adoro o clima de eleição. Acho o maior barato ver as pessoas todas arrumadas para cumprir seu direito (e dever) cívico. Ver as senhoras e senhores com mais de 65 anos, estas sim cumprindo apenas um direito, indo acompanhadas ou não de seus filhos e netos para votar. Acho que o sentimento de votar é mais gratificante do que propriamente a importância do seu voto. Afinal, nunca houve um caso em cidades grandes que a diferença foi de apenas um eleitor. Sou contra, aliás, o fato de o pleito ser obrigatório. Sou contra qualquer arbitrariedade. Mas acho também que no Brasil não faria mais tanta diferença, visto que o povo já está tão acostumado a votar e não perderia esse sentimento cívico. Por falar nesse tal sentimento, este último domingo foi especial para mim. Acordei um pouco emocionado, confesso. Era o dia de levar ou melhor torcer para levar ao segundo turno um cara que admiro desde que comecei a me interessar por política e pela História recente deste país. E não só por isso. Acho que Gabeira foi um dos poucos daquela malfadada época que se atualizou, tem uma visão moderna de Economia e teve participação efetiva no Congresso. E que onda seria para o Rio ter o Partido Verde no poder. Voto no Gabeira desde que tenho esse direito, que dois anos depois, virou dever. Era como se meu time fosse jogar um domingo de final. E ao contrário do que acontece com o Glorioso Alvinegro, o Gabeira venceu (o Crivella). E bem. Confesso que não esperava tamanha adesão à sua campanha, já que o grande povo, infelizmente, não conhece a biografia dele. E ainda pesa aos ignorantes a (distorcida) imagem de bicha, maconheiro, terrorista. Acho que essa adesão, se deveu em grande parte a algo que há tempos não era visto nesta cidade, ou pelo menos, eu queria ver. Uma mobilização da juventude carioca em prol de um candidato. Seja por orkut, ou pelos que saíram às ruas vestidos de verde para votar, mais do que um voto eu percebi felizmente um envolvimento com a campanha. Fiz a ressalva do ''queria ver'' porque ao final deste mesmo domingo fui ao Baixo Gávea (vestido de verde, claro) para ver ao que seria a consagração e a festa da própria Juventude após a vitória sobre a Igreja. Imaginei o Baixo cheio, com pessoas vestidas de esperança, semelhante a quando o Rubro-Negro carioca vence. Mas, desta vez, sem aqueles cânticos insuportáveis. Ledo engano. O BG estava vazio. Mas, como sonhar não custa nada e esse sonho se torna cada vez mais real, gostaria que essa campanha virtual torne-se mais palpável e a juventude do Rio fizesse passeatas e um forte movimento social para eleger um dos caras que teve fundamental importância para aqueles senhores e senhoras lá de cima, bobões emocionados como eu e o resto da população pudessem ter domingos democráticos como esse.

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