terça-feira, 29 de julho de 2008

O meu filme

Pode parecer afetação, mas meu filme é "Doce Vida". Peraí, peraí, não disse que é meu filme predileto, mas meu filme, no sentido de que é meu, não só meu, mas ainda meu. Sendo eu um sujeito generoso, divido ele com as pessoas de meu tempo, de minha classe social e que se vêem refletidas ali naquela Roma e naquele Mastroianni canalha e vazio, mas não posso escrever por elas, não posso falar nem por minha mãe, muito menos por uma geração, como é de praxe se falar em certo ramo da nossa literatura ( um pescotapa metafórico em Zuenires, Heloísas e Elios). Após tanto rodeio, se o leitor ainda estiver em cima do touro, me acompanhe: não vou aqui expor a tese exótica que construí sobre Fellini. Temo que, após a exposição de minha interpretação genial de sua obra, esta perca importância, diante do brilhantismo da minha análise (o pescotapa agora é em todos os intelectuais que, com interpretações brilhantes, ofuscaram a obra dos interpretados). Tenho intenções bem mais modestas. Só gostaria de observar que se você não amadurece, não se torna adulto, depois de ver "Doce Vida", então, nunca mais se tornará. Fellini desconstrói o real e colore a falta de sentido da condição humana de uma maneira tal que, se alguém continua apegado às próprias certezas depois do filme, trata-se de um ciborgue, não um ser humano. Trata-se de alguém que precisa se beliscar.

-Dan-

Um comentário:

Anônimo disse...

sinto cheiro de paulo francis. vc não me engana, daniel !!!!