Certo dia, depois de muito tempo ausente de nosso blog, obriguei-me a escrever algo publicável, digno de fazer nossos leitores perderem alguns minutos de suas vidas dando atenção a mais um entre tantos escritores amadores que vêem na grande rede uma oportunidade para difundir suas idéias torpes e dúbias. Mas, sentar no computador e sair escrevendo não é essa moleza toda, principalmente em tempos de tão escassas inspirações. Eu poderia chupitar os fatos mais insólitos que publicam no globo online ou então resenhar sobre mais um grau de investimento conseguido pelo Brasil, mas tudo pareceria vago e redundante. Na verdade, queria escrever uma crônica leve, divertida, de verão. Daquelas que, ao término da leitura, mesmo que você esteja ao lado de um defunto em estado de putrefação avançada, te proporcione a sensação de que o mundo é super engraçado.
Mas, somente um coração burguês, uma alma ávida por novidades e olhos sempre atentos às desventuras cotidianas não são suficientes para escrever uma crônica de respeito (pelo menos de respeito). Eram 18h15m e em menos de uma hora eu deixaria meu estágio rumo ao martírio que, segundo dizem, irá nos separar dos derrotados: a faculdade. Era o momento perfeito para escrever situações cômicas da vida que me cerca. Mesmo sem nenhuma ponta de inspiração, abri o Word e fiquei olhando para a profundidade da tela em branco, como um grafiteiro que olha a parede em dúvida de quais tintas utilizar. A inspiração é uma merda e, além disso, é teimosa – só aparece quando pressionada. Nunca vi aparecer de boa vontade, de camaradagem.
Fiquei alguns minutos olhando a tela, absorto em pensamentos que dançavam em minha mente e que teimavam em não vir à tona. Tava foda. Percebendo minha atitude, o editor, um gordo que fede uma mistura de cigarro, café e roupa guardada, veio por trás de mim e balbuciou umas palavras de repreensão:
– Lucas, que porra é essa? Tá ai parado há um tempão, cadê minha matéria? Não me diga que ainda nem começou a escrever – inquiriu-me, enquanto me proporcionava uma ducha de perdigotos quentes.
– Eu já entreguei minha diária – respondi ao chefe, desarmando-o, pois ele veio a fim de me sacanear. Desconcertado, ele decidiu não perder a viagem e tentar me foder de vez:
– Já entregou a matéria, é? Ahn tah, mas eu tô precisando que você fique até mais tarde hoje – disse ele.
Em um momento de plena inspiração, respondi de bate-pronto:
– Hoje não dá, chefe, tenho prova – arrematei.
A inspiração é foda, essa malandrinha. É só pressioná-la que brota. Aliás, ainda bem que dessa forma ela nos é util, no meu caso utilíssima. Ainda tentei criar uma prosa legal para preencher a página com um monte de letrinhas que certamente trariam bom humor ao meu dia e ao de vocês, leitores invisíveis do Sobrecasaca. Mas não deu.
Lucas
quinta-feira, 29 de maio de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
7 comentários:
Chupitar? Que diabo é chupitar? Chupa aqui, porra.
Vc usa a palavra chupitar no texto e ainda diz que tava sem inspiração?????
Hahá,sacanagem, Bilinho, tá do caralho o texto. Isso é que é introspecção. Só poesia.
PS: Agora é sério: o que é chupitar?
Outra: O Sem Serifa volta em julho!
chupitar é uma palavra cabalística ... tipo parangaricotirimirruaro ... haaaa
não serve eu?
eu, leitor bem visível te corrijo: deu sim!
Lucas, amanhã às 11 no RH
coloquei uma ferramenta que rastreia qualquer pessoa que entra no sobrecasaca. haha, rackers safados, se preparem.
Postar um comentário