sexta-feira, 12 de junho de 2009

Um texto que abalará os alicerces do universo

obs: ler antes, em http://www.invernodejulho.blogspot.com/, o Real Valor das Palavras, do indômito aiatolá J.J.

-Dan-


As palavras têm força. Eu poderia enciclopedicamente enumerar casos e mais casos históricos em que elas tiveram papel importante em grandes mudanças, mas deixo isso pra você resolver aí com o google. O que o google não consegue é medir o exagero e a precipitação dos defensores do discurso e da diplomacia como principais armas de transformação social. Para início de conversa, qualquer ditadura, conhecendo o poder da palavra, passa a controla-la. É assim na Coréia, em Cuba ou no Irã. Ah, claro, o Irã não é uma ditadura, apesar de o Líder Supremo....ou Comandante Geral....ou Grande Buda Master....seja lá qual for o título, estar lá há....20 anos! Ele mesmo, o aiatolá Khamenei, um homem santo, um homem probo. Qualquer palavra dirigida a essas ditaduras é devidamente filtrada. O debate de idéias é útil na relação democracia-democracia., e praticamente inútil na relação democracia-ditadura. A palavra democrática está sempre em desvantagem. Olhando retroativamente, os discursos verdadeiramente históricos caracterizam-se pelo arrojo, pela ousadia. – por questionar aquilo que não se pode questionar. Da “Apologia” de Sócrates, ao “Eu tenho um sonho” de Martin Luther King, passando pelo discurso de Marcio Moreira Alves em 68, há sempre uma perspectiva de enfrentamento, de coragem.. Mas Obama inaugurou a era dos discursos históricos domesticados, bem-comportados, já que não é necessária muita ousadia para declarar “ Shallamallek. Estou aqui em busca(...).de tolerância e de dignidade para todos os seres humanos”. É mais ou menos o que um extraterrestre diria, antes de fulminar a terra com bombas de Nêutrons e pedir: “Leve-me ao seu líder”. O discurso de Obama no Cairo, uma coleção de obviedades repetidas mundo afora, inclusive por seu antecessor (ele mesmo, o Demo!) é considerado histórico pela imprensa pelo mesmo motivo que Bo, o cachorro de Obama, é histórico.É difícil, eu sei, aceitar que vivemos nos Tempos Desinteressantes,.como Hobsbawm, daqui a 5 anos, com 230 , tomando um café com Niemeyer (300), nomeará nossa época, em que nada de realmente novo ou relevante acontece. Aí, surge esse desespero pela grandeza, pela historiedade. Fatos medíocres – a fantástica redução de 0, 25% dos juros, a ameaçadora gripe dos porcos, as emocionantes rodadas comerciais da OMC, o discurso históóórico de Obama – ganham uma aura espetacular, que mal disfarça o marasmo incontornável dos nossos dias.

3 comentários:

Joao Vicente disse...

pq q o julio foi falar de irã, por que?

Christiano Nunes disse...

Ações sobrepõem discursos.

Apesar de concordar com você em todos seus pontos muito bem fundamentados, eu considero que a eleição de um negro para presidente dos Estados Unidos é um fato extremamente relevante (mesmo que você não tenha comentado nada a esse respeito). Entretanto, se ele terá coragem para ser ousado, ou se ele vai ser apenas um fantoche na mão dos líderes democratas, essa dúvida que tenho somente Barack Obama poderá responder. Por enquanto, seu gesto de aproximação cheio de simbolismos mexe com a imaginação da opinião pública, de uma maneira geral. O presidente Obama é hoje mais um demagogo, mais um mandatário comum e oportunista de acordo com as ocasiões. Mas poderia ser o líder que travou uma luta desbravada (e venceu) a favor do comércio internacional, da prosperidade, da paz e do desarmamento nuclear.

Priscila Lopes disse...

Concordo com você em parte, e mais ainda com o Christiano acima. Um abraço!