sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Rio, cidade do fim do ano


Seja ou não verão, a praia no Rio esquenta a cada ano. Os mais perversos sinais de arrebentação anunciam a chegada de dengue, enchente, avarias gerais de festejos urbanos.
E olha que pra lá pro norte o pessoal já se modernizou, elegeu um homem mais enxuto(ideologicamente), bem acabado, deixou o sobrevivente de guerra descansar em paz, coitado. Aqui, continuamos com aquele almofadinha típico das festas no Copacabana Palace, inaugurações na Barra, entre outros eventos. Como pode o carioca - foi picado pela burrice no verão passado -, deixou o poder para o mesmo típico político das chanchadas modernas. Um tipo meio praiano, meio executivo. Agrada a todos os gôstos... que tal?
Bom, depois da derrota do Gabeira, chega a vez de torcer pela filha, durante a temporada de ondas grandes que bate no inverno havaiano. Impossível acreditar que existe inverno no Havai, não é? Mas é verdade. Quem sabe a mangueira, finalmente, não ganha no carnaval? Quem sabe o reveillon seja mais família? Vamo vê se no natal a coisa será mais 'light', menos cilmão. Se encontrarmos um jeito de subverter as coisas, viveremos livres? A subversão é apenas uma face da moeda?
Eu devo confessar a vocês, leitores, que ainda ando com aquela utopia socialista-hippie de antigamente. Já, várias vezes, me peguei pensando nas criancinhas desabrigadas desse fim de ano, no derradeiro fim do ciclo anual da vida brasileira, onde a balança sempre pesa pro menos favorecido. Isto para mim, que dou o braço a torcer a esses calendários comerciais.
Eu não sei por que o fim de ano e início de verão no Rio é essa loucura, tudo vira um frenesi, como se todos entrássemos na mesma loja para comprar o último presente de natal restante e só saíssemos depois de fevereiro. A vida fica corrida: é décimo terceiro pra cá, férias pra lá. O ano no Rio só começa no início do verão, ou no fim do ano, quando todo o mundo já assentou a poeira ao lado de uma lareira e sentou para esperar encher as meias de natal.
Um dia eu vou me lembrar: "nesse fim de ano, não esqueça de dar para o seu pai um celular tal!", o máximo, com ele você pode falar vendo a outra pessoa e ainda saber onde realmente ela está. Pelo menos, até onde o sinal pegar.

Joao Vicente

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