sexta-feira, 13 de junho de 2008

Senso comum, servido?

Empanturrado de bifes ao alho, grão-de-bico e pastéizinhos de belém, eu observava pela janela o vai-e-vem frenético da Nossa Senhora de Copacabana ao meio-dia. Parece que quando o estômago enche, o cérebro esvazia. Aboletado em uma poltrona macia, quase maternal, eu não me dava conta de minha própria existência. Será que ao comermos bois, nos tornamos mais bovinos? Eu de fato pastava, disso não tenho dúvida (e já nem me ofendo se me mandarem pastar), mas, em meio a tão idílica atividade, um curioso pensamento me ocorreu: "o senso comum não incomoda por existir, mas por ser anunciado". De uma forma que, assim como lá no fundo, todos sabem que o amor é que salva, todos também se irritam quando ouvem Fulano dizer, como se estivesse descobrindo a roda: "Ah...só o amor salva!". O mesmo vale para "o crime não compensa", "nem tudo que reluz é ouro" e similares. Essas verdades-o senso comum- são como o ato sexual: não convém serem anunciadas aos quatro ventos. Tem gente, no entanto, que gosta, que adora um senso comum, uma gente inconveniente e caipira. As frases prontas e as palavras de ordem são, para essa gentalha, mais nocivas do que os pastéizinhos de belém e os bifes mal-passados: esvaziam o cérebro e não enchem a barriga.

-Dan-

3 comentários:

Anônimo disse...

Daniel,
Deus ajuda quem cedo madruga. Pense nisso.

Anônimo disse...

ahhhh o bife ao alho.....

Anônimo disse...

o senso comum não incomoda. Incomoda quem insiste em falar dele. Isso é chato pra kralho.



PS: jornalista adora o companheiro Senso Comum.